segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

9º Encontrinho

A Casa Boni, onde está instalado o Instituto NT de Cinema e Cultura, foi o local do último encontrinho, em Fevereiro. O lugar é simplesmente L-I-N-D-O, e tem toda uma história.

Tombado pelo patrimônio histórico, o casarão vitoriano oferece salas de cinema, workshops, e ambiente para todo tipo de atividade cultural. No lado de fora, no pátio, existe um café, com um ótimo espaço para as pessoas se reunirem, bem propício para um papo entre amigos, como nos nossos encontros de skoobers.

A casa foi construída pelo arquiteto Amando Boni, em 1922 (daí o "A" e "B" dos brasões pela casa).


Foi um dia gostoso, de sol morno, vento suave. E nós seis lá, sentados nas cadeirinhas marcadas com os nomes de pessoas célebres da história do cinema, no encosto. Pensamos em pegar uma sessão de cinema, mais pro fim do dia, mas resolvemos não fazer porque, afinal de contas, o papo estava muito bom.

Conversamos um pouco sobre filosofia, no começo, porque alguns de nós estão embarcando nessa fase de Nietzsche, Kant, Kafka & Cia. Aliás, a respeito desse "&" aí, ficamos sabendo que é uma grafia estilizada do termo "et", que vem do latim e significa "e". A informação veio do nosso amigo que está lendo sobre Diagramação. Coisas sobre tipologia... ou tipografia?... Enfim, sobre as melhores letras para cada situação de texto, sobre impressão, e coisas do tipo. Bem interessante. Afinal, mesmo que você não perceba, as letras impressas, a cor da página (quem é que não gosta mais das amareladas?) e o lay-out dos parágrafos fazem você ter uma impressão sobre o livro.

É claro que nós também rimos, e bastante! Rimos, acima de tudo, das nossas banalidades, o que é perfeitamente normal, e rimos mais ainda quando descobrimos que os outros também fazem bobagens como nós. É claro que existem, também, estranhezas muito peculiares e insuperáveis, como aquela de colecionar placas de carros sem as possuir, apenas anotando o número dos que passam pela rua... Mas até isso diz muito sobre a nossa formação, não é? Porque, em última análise, pode-se dizer que esse estranho colecionador possui uma certa sensibilidade para contemplar coisas simples, mas belas, como folhas de plátano, que quase ninguém se daria ao trabalho de considerar.

Outras bobagens acabam em informações relevantes. Por exemplo, vocês sabiam que os insetos não sentem dor? Sim, vocês podem sentir-se menos culpados pelas torturas que impuseram a esses bichos na infância. Só não se sintam tão aliviados se alguma vez jogaram sal em lesmas ou sapos, porque isso sim é crueldade, e parece que todo mundo já fez! (Menos eu)

Por falar em crueldade, levantamos no encontro essa questão a respeito dos filmes B, Alternativos, Cult, ou como quer que se chamem. Por que Almodóvar e outros diretores do tipo gostam tanto de abordar a tragédia, a crueldade e o drama em suas obras? Não será um extremo oposto do irrealismo hollywoodiano? Será que filmes como Rambo nos querem arrancar para uma realidade caricaturesca da mesma forma que os filmes de cinema alternativos nos querem levar para um mundo preto-e-branco demais? De qualquer forma, independente do teor das histórias, leves ou não, esse tipo específico de filmes é muito bem feito, e respeita a inteligência do espectador, por isso costuma fazer o gosto das pessoas, principalmente as de mente mais aguda.


Mas, de todas as questões discutidas, a mais consistente para nós, enquanto amantes da leitura, foi a da educação literária. Nosso grupo é bem heterogêneo. Somos oriundos do interior do estado, ou porto alegrenses natos, ou estrangeiros de outros estados, ou gente de perto, que poderia ter vivido à margem da cultura metropolitana. E, tanto quanto nossas origens são diversas, também é diversa nossa história com a literatura: alguns foram incentivados desde o berço a ler, outros foram descobrir por si mesmos o prazer da leitura - destes, alguns mais cedo, outros mais tarde. Para a maioria, foi difícil e/ou ainda é lutar contra a ignorância dos que nos cercam. É sabido que existem pessoas preconceituosas contra livros e leitores, que são indiferentes ou têm orgulho de não precisarem ler. Mas, mais sério que isso, o que dizer dos que não têm acesso ao nosso universo? Quantas crianças, por exemplo, estão aí perto de você (um primo, um vizinho), que só precisam de uma dica, de um livrinho ilustrado emprestado ou qualquer outro empurrãozinho que você possa dar, para que possam embarcar nessa prática que só tem atitudes boas a oferecer para o mundo?

Sejamos, sempre que possível, mais que meros recebedores de informação. Vamos espalhar um pouco de nós pelo mundo. Vamos ensinar a Ler!

2 comentários:

  1. Ah, que inveja! Queria muito ter ido, conhecido o lugar, ouvido esses papos e estado com vocês.

    Beijo a todos!

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  2. Torcendo para que ocorra o próximo encontro o quanto antes, pois no próximo me farei presente!!!

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